No presente livro, tentámos abordar duas realidades em permanente conexão - imigração e crime - abarcando os diversos aspectos com elas relacionados, como que olhando através de um caleidoscópio que, ao ser rodado, nos vai proporcionando perspectivas diferentes do assunto. E com a expressão "imigrantes reclusos" pretendemos diferenciar a vertente dos estrangeiros residentes (imigrantes) da dos estrangeiros não residentes, aprofundando a análise no que respeita a nacionalidades e tipos de crime cometidos. Através do subtítulo, pretendemos manter presente a consciência de que o tema nunca poderá ser abordado de forma definitiva, mas sim encarado em diferentes perspectivas, visto integrar-se numa realidade social em constante mutação. Este livro é uma tentativa de repor verdades e de analisar com o rigor possível as realidades da imigração e da criminalidade, procurando desmistificar o preconceito de que todo o imigrante é criminoso. O trabalho estatístico que serviu de base à investigação centrou-se sobretudo nos dados fornecidos pela Direcção Geral dos Serviços Prisionais, quanto aos reclusos estrangeiros em 2002 e 2005. Foi feita uma diferenciação entre os conceitos de estrangeiro e de imigrante, sendo cada um destes grupos alvo de tratamento diferenciado. Através da análise de diversas variáveis tais como nacionalidade, sexo, idade, habilitações literárias, pena e crime, foi possível constituir uma tipologia de quatro grupos de imigrantes, cujas condenações por tipos de crime e outras variáveis se aproximavam. Foram procuradas razões para estes factos. Concluiu-se que os imigrantes, em geral, não cometem hoje mais crimes do que antes.